domingo, 6 de dezembro de 2009

Gentileza gera gentileza

Retomar a delicadeza relegada ao esquecimento melhora a qualidade de vida e as relações cotidianas .

Faça um rápido teste de memória. Você cumprimentou seu vizinho hoje de manhã no elevador? Desejou bom dia ao porteiro quando cruzou com ele na portaria como faz todas as manhãs? Deu passagem para o carro que precisava mudar de pista para entrar numa rua transversal? Esperou pacientemente o carro da frente andar sem buzinar quando o sinal ficou verde? Se respondeu negativamente a alguma das perguntas acima, saiba que, além de agir de forma tremendamente mal-educada, você está fazendo mal à sua própria saúde - e à das pessoas que o cercam.

Segundo o livro A arte da gentileza, de Piero Ferruci (ed. Alegro), pesquisas científicas confirmam que pessoas gentis são mais saudáveis e vivem mais, são mais amadas e produtivas, têm mais sucesso nos negócios e são mais felizes. ''Ser gentil nos faz tão bem quanto ser alvo de uma gentileza'', garante o autor. Por outro lado, a não-gentileza gera sentimentos negativos, atrapalha as relações e pode até deixar a pessoa doente, já que quando alguém é alvo de grosseria, falta de educação, o sistema nervoso reage liberando hormônios como a adrenalina, que desequilibram o organismo. Até a musculatura é afetada e reage à falta de gentileza se contraindo, deixando o corpo cada vez mais tenso.

''A falta de gentileza, caracterizada por um ambiente de grosseria e violência, se constitui em um fator estressor que leva o indivíduo ao desenvolvimento do estresse crônico. Por conseqüência, a qualidade de vida acaba sendo afetada, incluindo a saúde'', confirma a psicóloga Lucia Novaes, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress.

O que a ciência agora comprova vai ao encontro do que o profeta Gentileza passou grande parte da vida pregando e escrevendo nos 55 murais que criou sob o viaduto do Gasômetro, próximo à Rodoviária Novo Rio. Sua mensagem podia ser resumida na frase-síntese ''gentileza gera gentileza''.

Os murais, restaurados há cinco anos pelo projeto Rio com Gentileza, coordenado pelo filósofo Leonardo Guelman, hoje se encontram de novo danificados por pichações logo abaixo das inscrições do profeta. Mais ou menos como a própria gentileza, tão fora de moda nos dias que correm.

''O Gentileza denunciava uma crise ética, de valores. Segundo ele, tudo passa pelo favor. O simples fato de pedirmos 'por favor' e agradecer com um 'obrigado' denotava que adotamos a troca na base do toma-lá-dá-cá, típico do mundo individualista, produto do capitalismo que ele batizou de 'capeta capital''', afirma Guelman, autor do livro Brasil, tempo de gentileza (Eduff), sobre o profeta que morreu aos 79 anos, em 1996.

Para o profeta, ficamos cegos e surdos e perdemos a capacidade de ver e ouvir o outro. Segundo a psicoterapeuta e educadora Sandra Celano, o pronome nós, nesse mundo tão individualista, agrega no máximo o núcleo familiar. ''Então, como esperar que um seja gentil com o outro em pequenas ações cotidianas, se as pessoas não conseguem nem perceber o outro?'', questiona. Até em uma discussão é possível manter a gentileza. ''Basta prestar atenção ao que a outra pessoa diz e se expressar considerando suas razões e seu ponto de vista'', completa Sandra, que observa em seu consultório o crescimento da falta de gentileza como uma das queixas comuns de seus pacientes.

Um dos ambientes onde a falta de delicadeza e gentileza mais se manifesta é no local de trabalho. Muitas vezes, as pessoas confundem relações profissionais com frieza e rispidez. E deixam de agradecer um serviço só porque este está sendo pago.

''Hoje já existem empresas que têm como meta o bem-estar dos seus funcionários. Não porque sejam boazinhas, pois toda empresa precisa gerar lucros, mas, sim, porque descobriram que onde há bem-estar, há produtividade, pois as pessoas trabalham felizes'', observa Alkíndar de Oliveira, consultor de empresas e autor de Viver é simples, nós é que complicamos (ed. Didier). ''Neste novo mundo corporativo que está surgindo, há uma ferramenta que tende a ser a mais importante na convivência profissional. Trata-se da afetividade. E a gentileza é um dos frutos da árvore do afeto.''

Como todo profeta, Gentileza denunciava a crise e anunciava uma boa nova. Para ele, assim como a natureza nos dá tudo de graça, temos que retomar um tempo a troca desinteressada. O primeiro passo seria bem simples: dizer sempre 'agradecido' e 'por gentileza', em vez das fórmulas consagradas - que já foram esquecidas por muita gente, porém sem nenhuma substituição.

Uma das pessoas que foram tocadas pela obra de Gentileza foi a compositora Marisa Monte, que transformou alguns de seus versos em uma canção com o nome do profeta. Marisa fez a música no dia em que foi apresentar os murais ao parceiro Carlinhos Brown, antes do projeto de recuperação, e viu que não havia mais nada. Chocada, escreveu a música.

A cantora acha que a mensagem de Gentileza está cada vez mais atual. ''Com o ritmo acelerado das cidades, as pessoas estão perdendo a noção de gentileza, que é uma espécie de pureza refrescante para a vida, para o dia-a-dia.'' Ainda hoje, ela se comove em ver que alguém dedicou sua vida para falar da importância de ser gentil, e em vez de pedir dinheiro, ia de carro em carro oferecer uma flor. ''Ele foi uma pessoa linda que plantou a semente da gentileza.''

Buda também identificou alguns benefícios de se cultivar a gentileza, como dormir bem, ser amado, ter proteção dos seres divinos, e uma mente serena. De nada adianta, no entanto, começar a ser gentil para obter tais resultados e melhora da qualidade de vida, pois falsidade é algo diametralmente oposto à proposta. E, por princípio, a gentileza é necessariamente desinteressada. Como o escritor britânico Aldous Huxley afirmou, no fim da vida. ''É desconcertante que, após anos e anos de pesquisas e experimentações, eu tenha que dizer que a melhor técnica para transformar nossas vidas seja ser mais gentil''.

Algo bastante urgente de ser lembrado nos dias de hoje. Pois se gentileza gera gentileza, a sua falta só pode produzir uma carência ainda maior, daí o cenário aterrador de um mundo de rispidez e impaciência, e seus assustadores índices de violência - não como causa única, evidentemente.

''A falta de gentileza e a hostilidade nas relações podem contribuir para um mundo estressante, na medida em que essas atitudes são contagiosas. Violência gera violência, hostilidade gera hostilidade, raiva gera raiva'', acredita a psicóloga Lúcia Novaes. Por outro lado, diz ela, o mundo estressado, com tantas demandas, com a necessidade de se fazer cada vez mais coisas em menos tempo e mais perfeitas abre espaço para atitudes agressivas, raivosas e hostis. ''É um círculo vicioso.''

No ano que vem, para marcar os dez anos da morte de Gentileza, um grupo de artistas e intelectuais afinados com a causa do profeta deve retomar o projeto Rio com Gentileza, com manifestações festivas pela cidade para lembrar a atualidade do pensamento do profeta.

''Se ele estivesse entre nós, continuaria pregando a gentileza, já que seu avesso, a rudeza e a violência, infelizmente não saíram de moda'', acredita Guelman, que também reivindica junto à prefeitura um maior cuidado com os murais, que ele quer ver cercados e iluminados. ''São um patrimônio afetivo da cidade.''

A importância de se adotar a atitude no cotidiano é bem expressada pelo teólogo Leonardo Boff, em artigo intitulado ''Espírito de Gentileza'' (disponível na íntegra no site leonardoboff.com). ''Este espírito nunca ganhou centralidade, por isso somos tão vazios e violentos. Hoje ele é urgente. Ou seremos gentis e cuidantes ou nos entredevoraremos.''

Cíntia Parcias e Clarisse Meireles

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MINOTAURO

Lendas e Mitologia


Minos, fruto do ventre de Europa, que fora raptada por Zeus quando caminhava distraidamente na praia.

Ao ser abandonada pelo amante divino, Europa se casou com um mortal, o rei de Creta, que criou Minos como seu legítimo filho.

Assim, Minos teve dois pais. Do segundo recebeu, além de amor e educação, a herança. Tornou-se rei.

Além de governar os férteis vales de Creta, tomou a bela e encantadora Pasífae como esposa.

Radiante, quis impressionar a todos, e como um tolo, começou a espalhar que teria os seus desejos atendidos pelos deuses. Ingenuamente pretensioso, fez com que suas palavras fossem com as ondas do mar.

Isso aguçou os ouvidos de Poseidon.

O rei cretense construiu um altar na areia da praia para Poseidon e diariamente orava.

Na oração um costume se impunha: fazia um pedido.

A oração tornava-se assim, não um ato puro de louvor, mas de troca, de barganhas, uma forma de se obter favores divinos.

Minos orava não para louvar ao deus, mas para conseguir algo, e tanto orou que seu pedido foi atendido: um belo touro que sacrificaria em honra ao deus.

Com a perspectiva da homenagem, com tanta veemência prometida, o vaidoso Poseidon, enviou, das profundezas do mar um touro branco.

Das espumas das águas emergiu o belo animal que foi caminhando em direção à praia.

Um belo animal que impressionou os olhos puros de Minos, que não podia se dar conta de que era semelhante ao magnífico touro branco que um dia apareceu na praia e se aproximou de sua mãe.

Fora assim, transformado num belo touro branco, que o sedutor Zeus quis um dia conquistar Europa.

Minos foi enredado no labirinto do seu coração e, prisioneiro das complexas artimanhas da mente embevecida pelo orgulho, trapaceou com o deus.

Matou um touro do seu próprio rebanho, na frágil ilusão de que conseguiria enganar Poseidon e sair ileso.

Guardou o touro branco para si, estabelecendo com esse gesto estúpido a semente da tragédia em sua vida.

Pasífae tentou inutilmente adverti-lo de que deveria agir com retidão, que agindo da maneira como agia, só poderia trazer conseqüências desagradáveis para a vida do casal.

Mas não era seu o hábito de ouvir a mulher.

Assim como os deuses assumem a forma de animais para seduzir suas amadas mortais, Pasífae tentava bravamente assumir a forma da consciência de Minos, mas ele não permitiu.

Fechando com enormes portões as entradas da alma para as sensatas palavras da esposa, consumiu a loucura.

Os minóicos viviam a vida placidamente em seus afazeres diários, mas ele, o rei, não teria mais paz.

Os deuses não admitiram a sua atitude.

A vingança foi terrível.Afrodite convocada, serviu aos propósitos vingativos.

Embora fosse a deusa do amor, de vez em quando promovia tragédias, dor e sofrimento.

A rima do amor talvez estivesse nascendo com ela, naqueles tempos.

Fez, com o seu poder, que a bondosa companheira de Minos se apaixonasse pelo belo touro.

Náusea, asco, horror, tudo isso desceu sobre Pasífae, como uma avalanche, mas, quem resiste ao poder de Afrodite?

Acuada pela irresistível paixão pelo animal, Pasífae ficou desesperada.

Seus lábios vermelhos ficaram úmidos de desejo e em estado de beijos, seu corpo teceu arrepios, sua condição de mulher desabrochou e ela se abriu para o amor.

Inútil fugir ao que sentia.

Dominada pelo desejo, enlouquecida, caiu em prantos, mas o desejo que escraviza também fornece a sua própria seiva.

Confidenciou com o fiel amigo de Minos, Dédalo, o incomparável artesão, o mais conceituado inventor da ilha de Creta.

Desde que chegou fugindo de Atenas, onde protagonizara uma tragédia ocasionada pelo seu doentio ciúme, Dédalo passou a servir a Minos, e muito contribuiu para o progresso da ilha com as suas invenções, que sempre traduziram a sua genialidade, tão imensa como a instabilidade do seu ser.

Ele construiu uma vaca de madeira, oca.

Dentro da falsa vaca, Pasífae, escondida, fazia o vergonhoso amor com o amante, o touro branco.

Contrariando a natureza, Pasífae, escondida dentro da engenhosa invenção de Dédalo, podia dar seqüência ao seu desejo anormal, do qual não podia fugir e contra o qual não podia lutar.

O touro branco diariamente a visitava, e juntos, os amantes se entregavam, saciando o furioso desejo.

Mas os deuses nunca estão satisfeitos!

O corpo de Pasífae atendeu ao capricho divino. Ela deu à luz a uma criatura monstruosa.

Seu filho, metade homem, metade touro.“

“Minotauro. Esse será o seu nome!” - disse entre lágrimas, com o coração cambaleando entre o nojo, a repulsa, o horror e a capacidade infinita de doação, que caracteriza o amor materno.

Das profundezas do seu coração, vinha a exclamação mais bela que já pronunciara até então, em pensamento e vontade: -“Seja você como for, o importante é que é meu filho! Venha como vier, mas seja meu!


”Ninguém presenciou a cena mais comovente da antiguidade, a mãe abraçando forte junto ao seu peito, o filho ainda ensangüentado do nascimento. E entre as lágrimas horrorizadas brotou o sorriso materno.

Minos caiu em desespero com a brutalidade do castigo de Pasífae.

A sua dor aumentou intensamente ao compreender que ele fora o culpado dessa tragédia. Esse foi o primeiro impedimento em sua alma para que matasse imediatamente o enteado.

Procurou o oráculo que o aconselhou a esconder a sua vergonhosa realidade.

Minos acolheu o conselho do Oráculo, e passou a mastigar em sua alma a forma de esconder a monstruosa criatura.

Teria que ser um esconderijo perfeito, impenetrável. Mas, como?...

Foi ao artesão e pediu-lhe que construísse o esconderijo perfeito para o filho de sua mulher. Algo que fosse absolutamente seguro, para que o Minotauro não pudesse escapar e nem ser visto pelos habitantes da ilha.

Dédalo ouviu pacientemente e sentiu um certo regozijo por estar pela segunda vez atendendo a um capricho da família real.

Nem por um átimo de segundo sentiu remorso por ter sido cúmplice do amor bestializado de Pasífae.

Os dias seguintes os viveu pensando incansavelmente na sua invenção.

Olhava todas as tardes para o incrível palácio de Knossos e se punha a pensar, até que adormecia entre os apetrechos da sua imensa oficina. Teria que ser algo diferente de tudo que já tivesse construído e tudo que já havia visto.

Então, sua alma artesã foi tomada por uma súbita luz: Labirinto!

Dia e noite, sem trégua, Dédalo trabalhou na sua invenção. Ninguém jamais o vira tão envolvido na construção de um projeto.

Trabalhou com a ajuda preciosa de centenas de trabalhadores, que, como escravos, carregaram as pedras até o local, sem que um deles sequer pudesse jamais imaginar qual o objetivo de tal construção.

Finalmente o labirinto estava construído.

Ariadne, a filha de Minos, sem compreender o que significava aquela movimentação, perguntava aos pais, sem obter respostas. Mas, dizem, uma mulher jamais desiste, e passou a viver para descobrir o que significava o labirinto.

Perguntava à mãe, nas conversas diárias, sobre o propósito de uma construção tão imensa.

A mãe, amiga e confidente, que dividia com Ariadne a dor da existência do Minotauro, não tinha também a resposta.

Sugeria que pudesse ser apenas vaidade de Minos ou mania de grandeza.

Ariadne olhava para ela, olhava para o meio irmão, para o pai, para o labirinto. Mas o segredo estava guardado de tal forma que parecia que jamais um sopro sequer lhe traria a resposta.

O rei no seu palácio de Knossos olhava admirado e satisfeito a construção do labirinto.

Ficava bêbado de emoção e satisfação diante da monumental obra de Dédalo.

Enquanto isso, Pasífae alimentava e cuidava do filho monstruoso, sem saber que, ao se separar do leite materno, o Minotauro seria vitimado por uma nova maldição. Para alimentar a sua fome, só conseguiria comer carne humana.

O rei Minos, colocou no centro do labirinto o monstro.

- Por que não o mataste? – perguntou Dédalo.

- Não posso! Não posso! Não posso...

Atormentado, se afastou em silêncio.

Não permitiu que Dédalo reparasse em seu rosto a sombra do desgosto e as lágrimas de profunda tristeza.

Anos após o nascimento do filho de Pasífae, com a morte do irmão Androgeu, Minos declara guerra a Atenas, para vingá-lo.

Vencedor, decretou que os atenienses enviassem, como tributo, a cada nove anos, sete moços e sete virgens para servirem de alimento ao Minotauro, e assim, aplacar a fome do monstro.

O rei Egeu havia participado da morte de seu irmão. O povo de Atenas pagaria então pelo erro do seu soberano.

Um homem portador de um segredo imenso, não podia confiar em ninguém e o rei Minos encerrou Dédalo e seu filho Ícaro no labirinto.

A cada nove anos, os atenienses em pranto e luto iam ao porto para se despedirem dos quatorze jovens que partiam para o sacrifício.

Ninguém sabia da verdade sobre o Minotauro, apenas que era um horrível monstro aprisionado no labirinto, que se alimentava de carne humana.

A embarcação hasteava em seu mastro uma vela preta.

No porto, lágrimas, dor e incompreensão.

O rei Egeu, por duas vezes sacrificou os jovens atenienses, causando tristeza.

Então, na terceira remessa de jovens, seu filho adotivo, um formoso rapaz, com os traços físicos de Poseidon, segundo alguns comentários, apresentou–se como voluntário para matar o Minotauro.

Egeu concordou.

Conhecia mais do que ninguém a coragem e a determinação de Teseu, naqueles dias aclamado e festejado como herói e única esperança em Atenas, passando a simbolizar entre os jovens a força da juventude.

Egeu lhe fala do significado das velas negras e decide que o navio dessa vez, simbolizando a esperança, levaria também velas brancas, que Teseu deveria içar quando retornasse, caso voltasse como vencedor em seu empreendimento.

O navio partiu.

Dessa vez, além de lágrimas e dor, a esperança também flutuou nos corações do porto.

Em Creta, Teseu anunciou-se como filho de Poseidon.

Para prová-lo, mergulhou no mar.

Um grupo de delfins o levou até o reino de Anfitrite, deusa do mar, que lhe ofertou um anel e uma coroa de flores.

Minos, que estranhara a chegada da embarcação com velas brancas e depois zombara de Teseu, ficou surpreso com o desaparecimento do jovem nas águas, mas, com o seu retorno portando os presentes da divindade das profundezas marítimas, prontamente se convenceu da veracidade da afirmação do estrangeiro.

- Peço-lhe a autorização para entrar no labirinto.

- Está bem, você é o filho de Poseidon. Pode entrar. Se conseguir o que promete, Atenas estará livre do tributo e nenhum jovem mais será sacrificado. Se falhar, que o Minotauro lhe beba o sangue!

Aquela conversa estava sendo ouvida por uma jovem de olhos curiosos que mirava com uma atenção diferente a face do rapaz, enquanto em seu próprio rosto, a pele subitamente rosada, e o brilho elegante no olhar revelava o surgimento de uma paixão pelo estranho.

Ariadne sorriu o seu sorriso mais puro e sua voz se abriu em doçura enquanto as palavras, como flores, procuravam cativar o jovem na aproximação que nascia.

- Eu posso ajudá-lo!

Qualquer homem ficaria perturbado pela sonoridade que escorria dos lábios vermelhos de Ariadne, e ela caiu em felicidade e interpretou como aconchego a demonstração de Teseu de que fora atingido pela perturbação provocada pela sua voz.

Foi o suficiente para ela acreditar numa correspondência de sentimentos e segredou-lhe quase num sussurro imperceptível a ajuda que tinha para oferecer.

Talvez Teseu estivesse realmente interessado em ouvi-la e levasse a sério as suas palavras, talvez não, mas como aprendera com a esmerada educação dada pelo pai, a ser gentil, principalmente com uma mulher, permitiu que Ariadne falasse.

Ariadne por amor o ajudou dando-lhe um rolo de linha.

Teseu, um valente que não sabia amar ouviu a explicação da mulher e compreendeu que ela lhe fornecia a chave do labirinto.

- “Prenda o fio na entrada do labirinto e vá seguindo com ele até o centro. Quando voltar, vá enrolando a linha e então ela o guiará de volta!”

Assim fez Teseu.

Ao chegar ao centro ficou repugnado com a presença da criatura.

Matou-a após uma luta ferrenha. A força do monstro contra a habilidade de Teseu.

Quando saiu do labirinto, Ariadne o esperava.

Embarcaram com os jovens atenienses no navio.

Ela, radiante na felicidade que a ilusão costuma produzir. Ao olhar para os olhos de Teseu pensara encontrar os caminhos do seu coração.

Milhões de instantes entre cada frase, vividos ilusoriamente, buscando em cada gesto o amor que não havia, e vendo na vitória de Teseu o maior momento do amor inexistente, parte com ele.

Não compreende um só instante o quanto está só, e vê amor onde só há distâncias.

Teseu não a amava.

Ao passarem por uma ilha, abandonou-a covardemente. Permaneceram alguns dias na ilha antes de retomar a viagem e no dia da partida, esperou que ela adormecesse e se foi.

Os jovens, que por ele sentiam uma profunda admiração, diante desse gesto olharam para o seu rosto com decepção e tristeza.

O silêncio se instalou na viagem.

Não deve ter sido fácil para eles verem se esfarelar diante dos seus olhos o herói a quem deviam a vida. Que outra espécie de monstro vive dentro de um homem que engana a mulher que o ama? Teria sido essa a pergunta que os acompanhou na viagem?

Ficou tão empolgado por ter enganado a mulher que o ajudou, aquela que nele confiou cegamente, e foi por ele abandonada covardemente, tão empolgado ficou que esqueceu o trato que havia feito com o pai.

Esqueceu-se de içar as velas brancas e o navio chegou com as velas pretas.

O rei Egeu, desgostoso, atirou-se ao mar.

A sua morte chocou os atenienses. Um manto silencioso cobriu os corações.

Quando Ariadne soube da tragédia o seu coração transbordou-se de tristeza.

Dentre os sobreviventes salvos por Teseu, um deles, uma das virgens, olhando para o mar, chamou-o pela primeira vez pelo nome do seu rei.

A partir desse dia todos os atenienses passaram a chamar o mar de Mar Egeu.

O nome de Teseu ficou na memória afetiva do povo oscilando entre o herói e o traidor.

Alguns que gostam de interpretar tragédias e atitudes humanas, andaram dizendo que teria sido uma semente do Minotauro que, no suor da luta, transmitiu a Teseu o mal, que ele consolidou no abandono da boa Ariadne.

Foi apenas falta de amor.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Hoje tem festa no céu!!!!!!!!!!


Meu pai amava rosas amarelas!!
Essas são pra ele, já que hj faz 9 anos que ele se foi daqui renascendo em Cristo na terra prometida!!!

Bem, vou escrever uma experiência minha que depois que tive, nunca mais sofri como antes!Quando meu pai faleceu, ele havia pedido a minha mãe que não queria ficar em velório e sim passar a noite em casa sendo velado.Respeitando isso, ele foi velado na minha casa.Já altas horas da madrugada, eu já muito cansada, fui me deitar(na cama dele).Mas, confesso que dormi muito pouco.Às 6 da manhã eu já acordada a algum tempo, liguei o rádio...nossa, coisa que nunca fiz!...estava sintonizada na rádio Esperança que pertence ao bispado de Lins.Nesse horário há, todos os dias, uma mensagem gravada pelo Dom Irineu que é bispo de Lins.Eu não sabia que era gravada, até porque quando liguei começou uma que eu tive CERTEZA que era para mim.Quando liguei o tio Irineu, como o chamo pois ele é Salesiano e da época do meu pai, estava lá falando aquilo especialmente para mim e minha família...só dias depois descobri que era uma gravação.Enfim...era assim a mensagem...

"A menina perdeu seu cachorrinho que acabara de morrer. Olhava pela janela da cozinha vendo o cãozinho ser enterrado e chorava, chorava e nada a consolava. A avó, vendo aquela cena, chegou perto da menina, pegou-a pela mão e a levou para a sala. Abriu a cortina da janela que dava visão ao jardim e disse: -Venha, querida! Olhe por essa janela e veja aquela linda rosa AMARELA- a preferida do meu pai!!- que você me ajudou a plantar! Olhe como ela está rodeada de abelhas, borboletas e até um beija-flor!! CHEIA DE VIDA !!!!! Assim também é na casa do Pai!! Renascemos cheios de vida, luz, paz, beleza, amor !!!!..."Não me lembro de tudo, mas sinceramente para mim....isso foi o essencial!!! Isso para mim mudou tudo!!!Me deu o conforto que meu coração precisava e até hoje é assim que vejo a "morte" do corpo!! É a ressureição em Cristo!! Hoje entendo isso na essência!! Veja você também por essa outra "janela"!!! Não fique triste!!!!

Débora Dias Pereira

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Para as rosas, o jardineiro é eterno"-M.de Assis.

O TEMPO.

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

MÁRIO QUINTANA.

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Era uma vez uma menina, de olhos negros e longas tranças no cabelo.
Como todas as meninas, gostava de brincar com bonecas, em castelos e contos de fadas, inventando príncipes e princesas, reinos de magia, bolas de algodão doce e céus azuis pejados de arco-iris.
A infância era feliz.
Todas as infâncias deveriam ser assim, felizes.
Com tempo para brincadeiras, correrias nos pátios da escola, sorrisos abertos.

Aquela menina possuía no entanto… um dom especial.
No recanto seguro do seu quarto, pintava pedras.Grandes, pequenas, de todas as formas e feitios.Aprendera a gostar das pedras, tal como aprendera a gostar de pintar, observando a mãe, quando esta se perdia no jardim, falando com as flores.
Como era linda, a sua mãe.
E como gostava de a desenhar, de memória, de olhos fechados, rabiscando na folha de papel os traços meigos do seu rosto.

Naquele momento, as suas mãos seguravam duas pequenas pedras, estranhamente iguais a dois corações. Encontrara-as à beira do rio, encostadas uma à outra.
Quando reparou nelas, foi como se um vento súbito lhe varresse a alma de uma cor límpida, como se de repente a primavera tivesse entrado sem pedir licença a ninguém.
Apanhou-as, cheia de cuidado.

Agora… agora as duas pequenas pedras, os dois pequenos corações fitavam-na, pousados sobre a mesa de madeira do quarto, a tinta vermelha ainda por secar, brilhantes.

Uma seria para si.
Guardá-la-ia sempre junto ao coração.
A outra… sempre tivera um destino certo para ela…

Pouco depois, descia as escadas a correr, um embrulho a chocalhar com uma pequena pedra colorida dentro, um vistoso laço vermelho por fora.

- Mãe…. Mãe… - ia gritando - onde estás? Tenho aqui uma prenda para ti… onde estás?

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"Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos."

BEZERRA DE MENEZES.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os Quatro Compromissos

Seja Impecável com a Palavra
Já que ela é a ferramenta mais poderosa que você tem, use-a sempre para a verdade e para o bem. Assim como a palavra é capaz de construir também pode destruir tudo em questão de momentos.Não faça fofocas. Elas só espalham um veneno que pode voltar contra você depois.

Cumpra sempre o que promete
Ser impecável também significa assumir a responsabilidade por seus atos sem se culpar por esta ou aquela escolha.Não Tire ConclusõesSeus dramas e tristezas existem porque você acredita que as suas conclusões são as corretas. Imagine o dia que você não tira conclusões sobre o seu parceiro ou sobre todas as pessoas com as quais se relaciona. A forma mais fácil de evitar confusões é perguntar - e não deduzir - quando você não entende algo. Uma vez ouvida a resposta, não sobrará espaço para falsas conclusões.

Não Leve Nada para o Lado Pessoal
Não sofra pelo que os outros dizem a seu respeito ou para você. Nada disso é motivado por seus atos, e sim por quem fez os comentários.Cada um vive num mundo diferente. Levar tudo para o lado pessoal significa presumir que os outros conhecem o seu mundo.Esse é o pensamento deles sobre o mundo, não o seu. Se você estiver imune às opiniões e ações das pessoas, evitará sofrimentos desnecessários.

Sempre Dê o Melhor de Si
O último compromisso permite que os outros três se tornem hábitos. Em qualquer circunstância, sempre faça o melhor, nem mais nem menos. Dessa forma, você não vai julgar a si mesmo, nem se sentir culpado ou se castigar quando não conseguir cumprir um acordo. É a ação que faz a diferença.

"Refletir e exercitar os quatros compromissos pode mudar a sua postura diante da vida".

Don Miguel Ruiz

A armadilha da auto-sabotagem

Há momentos da vida que reconhecemos que estamos prontos para dar um novo salto, para efetivar uma mudança profunda. Nos lançamos num novo empreendimento, numa nova relação afetiva, mudamos de cidade e até mesmo de apelido. Mas, aos poucos, nós nos pegamos fazendo os mesmos erros de nossa "vida passada". É como se tivéssemos dado um grande salto para cair no mesmo buraco. Caímos em armadilhas criadas por nós mesmos. Nos auto-sabotamos. Isso ocorre porque, apesar de querermos mudar, nosso inconsciente ainda não nos permitiu mudar!

Em nosso íntimo, escutamos e obedecemos, sem nos darmos conta, ordens de nosso inconsciente geradas por frases que escutamos inúmeras vezes quando ainda éramos crianças. Toda família tem as suas. Por exemplo: "Não fale com estranhos" é uma clássica. Como a nossa mente foi programada para não falar com estranhos, cada vez que conhecemos uma nova pessoa nos sentimos ameaçados. Uma parte de nosso cérebro nos diz "abra-se" e a outra adverte "cuidado".

Num primeiro momento, o desafio em si é encorajador, por isso nos atiramos em novas experiências e estamos dispostos a enfrentar os preconceitos. No entanto, quando surgem as primeiras dificuldades que fazem com que nos sintamos incapazes de lidar com esse novo empreendimento, percebemos em nós a presença desta parte inconsciente que discordava que nos arriscássemos em mudar de atitude: "Bem que eu já sabia que falar com estranhos era perigoso".

Cada vez que desconfiamos de nossa capacidade de superar obstáculos, cultivamos um sentimento de covardia interior que bloqueia nossas emoções e nos paralisa. Muitas vezes, o medo da mudança é maior do que a força para mudar. Por isso, enquanto nos auto-iludirmos com soluções irreais e tivermos resistência em rever nossos erros e aprender com eles, estaremos bloqueados. Desta forma, a preguiça e o orgulho serão expressões de auto-sabotagem, isto é, de nosso medo de mudar.Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Nós nos auto-iludimos quando não lidamos diretamente com nosso problema raiz.

A auto-ilusão é um jogo da mente que busca uma solução imediata para um conflito, ou seja, um modo de se adaptar a uma situação dolorosa, porém que não represente uma mudança ameaçadora. Por exemplo, se durante a infância absorvemos a idéia de que de ser rico é ser invejado e assim menos amado, cada vez que tivermos a possibilidade de ampliar nosso patrimônio nós nos sentiremos ameaçados! Então, passaremos a criar dívidas, comprando além de nossas possibilidades, para nos sentirmos ricos, porém com os problemas já conhecidos de ser pobres. Não é fácil perceber que a traição começa em nós mesmos, pois nem nos damos conta de que estamos nos auto-sabotando!

Na auto-ilusão, tudo parece perfeito. Atribuímos ao tempo e aos outros a solução mágica de nossos problemas: com o tempo a dor de uma perda passará; seu amado irá se arrepender de ter deixado você e voltará para seus braços como se nada houvesse ocorrido. No entanto, só quando passarmos a ter consciência de nossos erros é que não seremos mais vítimas deles! Temos uma imagem idealizada de nós mesmos, que nos impede de sermos verdadeiros. Produzimos muitas ilusões a partir desta idealização. Muitas vezes, dizemos o que não sentimos de verdade. Isso ocorre porque não sentimos o que pensamos!

Muitas vezes não queremos pensar naquilo que sentimos, pois, em geral, temos dificuldade para lidar com nossos sentimentos sem julgá-los. Sermos abertos para com nossos sentimentos demanda sinceridade e compaixão. Reconhecer que não estamos sentindo o que deveríamos sentir ou gostaríamos de estar sentindo é um desafio para conosco mesmos. Algumas de nossas auto-imagens não querem ser vistas!

É nossa auto-imagem que gera sentimentos e pensamentos em nosso íntimo. Podemos nos exercitar para identificá-la. Mas este não é um exercício fácil, pois resistimos em olhar nosso lado sombrio. No entanto, uma coisa é certa: tudo que ignoramos sobre nossa parte sombria, cresce silenciosamente e um dia será tão forte que não haverá como deter sua ação. Portanto, é a nossa auto-imagem que dita nosso destino.

O mestre do budismo tibetano Tarthang Tulku, escreve em seu livro "The Self-Image" (Ed. Crystal Mirror): "A auto-imagem não é permanente. De fato, o sentimento em si existe, no entanto o seu poder de sustentação será totalmente perdido assim que você perder o interesse por alimentar a auto-imagem. Nesse instante, você pode ter uma experiência inteiramente diferente da que você julgou possível naquele estado anterior de dor. É tão fácil deixar a auto-imagem se perpetuar, dominar toda a sua vida e criar um estado de coisas desequilibrado... Como podemos nos envolver menos com nossa auto-imagem e nos tornar flexíveis? Somos seres humanos, não animais, e não precisamos viver como se estivéssemos enjaulados ou em cativeiro. No nível atual, antes de começarmos a meditar sobre a auto-imagem, não percebemos a diferença entre nossa auto-imagem e nosso eu. Não temos um portão de acesso ou ponto de partida. Mas, se pudermos reconhecer apenas alguma pequena diferença entre a nossa auto-imagem e nós mesmos, ou eu ou si mesmo, poderemos ver, então, qual parte é a auto-imagem".

"A auto-imagem pode representar uma espécie de fixação. Ela o apanha, e você como que a congela. Você aceita essa imagem estática, congelada, como um quadro verdadeiro e permanente de si mesmo", explica Peggy Lippit no capítulo sobre Auto-Imagem do livro "Reflexões sobre a mente" organizado por seu mestre Tarthang Tuku (Ed. Cultrix).

Na próxima vez que você se pegar com frases prontas, aproveite para anotá-las! Elas revelam sua auto-imagem e são responsáveis por seus comportamentos repetitivos de auto-sabotagem. Ao encontrar a auto-imagem que gera sentimentos desagradáveis, temos a oportunidade de purificá-la em vez de apenas nos sentirmos mal. O processo de autoconhecimento poderá então se tornar um jogo divertido e curioso sobre nós mesmos!

Bel Cesar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Mulher Selvagem

Nesta crônica quero fazer uma homenagem a um tipo especial de mulher. Eu a chamo de mulher selvagem. Sua beleza é arisca, arredia aos modismos. Ela encanta por um não-sei-quê indefinível... mas que também agride o olhar. É um tipo raro e não tem habitat definido: vive em Catmandu, mora no prédio ao lado ou se mudou ontem para Barroquinha. E não deixou o endereço.

A mulher selvagem em quase tudo é uma mulher comum: pega metrô lotado, aproveita as promoções, bota o lixo para fora e tem dia que desiste de sair porque se acha um trapo. Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade. E também dá arrepios: você tem a impressão de que viu uma loba na espreita. Você se assusta, olha de novo... e quem está ali é a mulher doce e simpática, ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. Mas por um segundo você viu a loba, viu sim. É ela, a mulher selvagem.

A sociedade tenta mas não pode domesticá-la, ela se esquiva das regras. Quando você pensa que capturou, escapole feito água entre os dedos. Quando pensa que finalmente a conhece, ela surpreende outra vez. Tem a alma livre e só se submete quando quer. Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade. E como os reconhece? Como toda loba, pelo cheiro, por isso é bom não abusar de perfumes. Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural - mas, cuidado, não vá passando a mão. Ela é um bicho, não esqueça. Gosta de afago, mas também arranha.

Repare que há sempre uma mecha teimosa de cabelo: é o espírito selvagem que sopra em sua alma a refrescante sensação de estar unida a Terra. É daí que vem sua beleza e força. E sua sabedoria instintiva. Sim, ela é sábia pois está em harmonia com os ritmos da Natureza. Por isso conhece a si mesma, sabe dos seus ciclos de crescimento e não sabota a própria felicidade. Como todo bicho ela respeita seu corpo mas nem sempre resiste às guloseimas. Riponga do mato, Gabriela brejeira? Não necessariamente, a maioria vive na cidade. E há dias paquera aquele pretinho básico da vitrine. E adora dançar em noite de lua. Ah, então é uma bruxa... Talvez, ela não liga para rótulos. Sabe que a imensidão do ser não cabe nas definições.

Mulheres gostam de fazer mistério. Ela não, ela é o mistério. Por uma razão simples: a mulher selvagem sabe que a vida é uma coisa assombrosa e perfeita e vive o mais sagrado dos rituais. Ela sente as estações e se movimenta de acordo com os ventos, rindo da chuva e chorando com os rios que morrem. Coleciona pedrinhas, fala com plantas e de uma hora para outra quer ficar só, não insista.

Não, ela não é uma esotérica deslumbrada mas vive se deslumbrando: com as heroínas dos filmes, aquela livraria nova, o CD do fulano... Ela se apaixona, sonha acordada e tem insônia por amor. As injustiças do mundo a angustiam mas ela respira fundo e renova sua fé na humanidade. Luta todos os dias por seus sonhos, adormece em meio a perguntas sem respostas e desperta com o sussurro das manhãs em seu ouvido, mais um dia perfeito para celebrar o imenso mistério de estar vivo.

Ela equilibra em si cultura e natureza, movendo-se bela e poética entre os dois extremos da humana condição. Ela é rara, sim, mas não é uma aberração, um desvio evolutivo. Pelo contrário: ela é a mais arquetípica e genuína expressão da feminilidade, a eterna celebração do sagrado feminino. Ela está aí nas ruas, todos os dias. A mulher selvagem ainda sobrevive em todas as mulheres mas a maioria tem medo e a mantém enjaulada. Ela é o que todas as mulheres são, sempre foram, mas a grande maioria esqueceu.

Felizmente algumas lembraram. Foram incompreendidas, sim, mas lamberam suas feridas e encontraram o caminho de volta à sua própria natureza. Esta crônica é uma homenagem a ela, a mulher selvagem, o tipo que fascina os homens que não têm medo do feminino. Eles ficam um pouco nervosos, é verdade, quando de repente se vêem frente a frente com um espécime desses. Por isso é que às vezes sobem correndo na primeira árvore. Mas é normal. Depois eles descem, se aproximam desconfiados, trocam os cheiros e aí... Bem, aí a Natureza sabe o que faz.

Ricardo Kelmer.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quem é você realmente?

Uma aluna minha me perguntou: Nós nascemos para ser felizes, mas porque não somos? Eu respondo: Porque os modelos que nos são colocados de felicidade, desde que nascemos, são meros modelos dos nossos pais, parentes, sociedade, cultura, religião, etc.

Eles não correspondem, de forma alguma, às nossas verdades e valores internos. Eles não consideram o indivíduo em sua essência e singularidade. Os modelos sociais são selvagens e massacrantes, e são os chamados condicionamentos. Condicionamento é algo forçado de fora sobre você contra a sua vontade, contra a sua consciência. O condicionamento tem o objetivo de destruí-lo, manipulá-lo, criar uma falsa personalidade para que seu estado humano essencial seja perdido.

A sociedade tem muito medo da sua realidade. A Igreja tem medo, o Estado tem medo, todos têm medo de sua pessoa essencial, de seu Ser essencial, pois o Ser essencial é rebelde, é inteligente. O Ser essencial é livre, independente e singular, ou seja, único.

O Ser essencial não pode ser facilmente reduzido à escravidão, e também não pode ser explorado. Ninguém pode usar o Ser essencial como um meio, pois Ele é um fim em si mesmo. Daí, toda a sociedade tentar, de TODAS as maneiras possíveis, desconectá-lo de seu âmago essencial. Isso cria uma personalidade falsa e plástica a seu redor e o força a se identificar com ela. Durante muito tempo sofremos e perdemos MUITA energia quando tentamos ser hipócritas conosco mesmo.

A sensação é de vazio, fracasso, impotência. Enlouquecemos porque a nossa bússola simplesmente não consegue encontrar o sentido da "felicidade". Chama-se a esta grande "tabela" de condicionamentos de "educação", mas isso não é educação, é "deseducação". Isso é destrutivo e violento.

Toda essa sociedade sempre foi muito violenta com o indivíduo. Ela não acredita no indivíduo, é contra o indivíduo. Para seus próprios propósitos, ela tenta, de todas as maneiras, destruir você. Ela precisa de engenheiros, médicos, filhos vitoriosos, brilhantes, importantes, espertos, esbeltos, conquistadores... Ela não precisa de seres humanos serenos, pacíficos, simplistas, honestos sem relatividade, saudáveis emocionalmente. Até o momento, fracassamos em criar uma sociedade que precise de seres humanos livres, simples seres humanos.

A sociedade está interessada em que você seja mais habilidoso, mais produtivo, mais competitivo, mais consumista e menos criativo ou criador de casos. Ela deseja que você funcione como uma máquina, eficientemente, mas não deseja que você se torne desperto. Ela não deseja Budas e Cristos, Sócrates, Pitágoras, Lao Tzu ... Não, essas pessoas de modo nenhum são necessárias para a sociedade. Se, de vez em quando elas acontecem, não acontecem devido à sociedade, mas apesar dela.

É um milagre, de vez em quando, algumas pessoas serem capazes de escapar desta enorme prisão. A prisão é muito grande, é muito difícil escapar dela. E mesmo ao escapar de uma prisão, você entrará em outra, pois toda a Terra se tornou uma prisão. De hindu você pode se tornar cristão, ou de cristão pode se tornar hindu, mas está simplesmente trocando de prisão. De indiano você pode se tornar alemão, ou de italiano se tornar chinês, mas está simplesmente trocando de prisões... prisões políticas, religiosas, sociais. Talvez, por alguns dias, a nova prisão pareça com a liberdade, mas somente devido a ser uma novidade. Fora isso, ela não é liberdade. Uma sociedade livre é ainda uma idéia que precisa ser materializada.

Toda essa escravidão das pessoas depende dos condicionamentos. Os condicionamentos começam no útero da mãe ou, no máximo, no momento em que você nasce. Você é circuncidado e se torna um judeu, é batizado e se torna um cristão, e assim por diante. Você é levado para a igreja ou para o templo e é criado numa certa atmosfera onde irá descobrir que todos são cristãos ou todos são hindus. E, naturalmente, é fatal que a criança siga as pessoas à sua volta. Quando ela chegar aos 25 anos de idade e sair da universidade, estará completamente condicionada, e tão profundamente que nem estará ciente de seus condicionamentos.

Tudo tem modelo, inclusive e principalmente quanto aos relacionamentos. Todos necessitam casar, ter casa, ter filhos, ter empregos, e na época certa, e da forma certa, e com os modelos certos para ser competitivo, para ser invejado, para ser elogiado, para ser apreciado, para ... E os bens? E a profissão?

Tudo foi despejado em seu biocomputador. E a sociedade pune aqueles que são relutantes, resistentes a esses condicionamentos, e com medalhas de ouro, prêmios, recompensa aqueles que estão muito ávidos a serem escravos, a servirem aos interesses do sistema.

Toda a sociedade, milhões de pessoas à sua volta estão condicionando- o, conscientemente ou não. Elas foram condicionadas. Elas podem não estar cientes de que são destrutivas e violentas e que estão se auto destruindo. Elas podem pensar que estão sendo de ajuda a você devido à compaixão, pois amam a humanidade. Elas foram condicionadas tão profundamente que não estão cientes do que fazem às suas crianças e vidas. Os pais, os parentes, professores, conferencistas, instrutores, eles são os instrumentos, os sutis instrumentos de condicionar pessoas. Os sacerdotes, os psicanalistas, estas são pessoas muito espertas e eficientes em condicionar. Elas conhecem toda a estratégia, sabem como manipular, distorcer, como lhe dar uma falsa personalidade e afastar sua essência.

Como sair dos condicionamentos?

1) Ir lá dentro de você e descobrir quem é você realmente. Qual a sua natureza, suas qualidades, seus dons, seus desafios. Para esta viagem interna é necessário se dar espaço DIÁRIO de silêncio, MEDITAÇÃO, introspecção. Espaços de autoconhecimento e esclarecimento. Ler, estudar, aprender, meditar, pois ignorar e ignorar-se é pura escravidão.

2) Estar 100% alerta e desperto. Meditar sobre nossas atitudes, sonhos e desejos e perceber quanto deles pertence aos modelos de nossos pais, parentes e sociedade, e quanto deles pertence REALMENTE à nossa alma.

3) Uma vez detectado, sair dos condicionamentos e entrar na sintonia do Ser essencial e descobrir o que é Ser feliz para Ele.

*OSHO
Texto adaptado por Conceição Trucom

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Abundância de amor

*Roberto Shinyashiki


Psiquiatra defende fim da economia de carícias e mesquinhez afetiva e diz que homens e mulheres guardam seus carinhos como um avarento guarda dinheiro.

Carícia é a unidade de reconhecimento humano. Começa no nascimento, com o toque físico. Depois passa para palavras, olhares, gestos e aceitação. Na "História de Carícias", existem conceitos de distribuição de carícias que levam a gente a acreditar que as carícias são poucas, tão poucas que precisamos guardá-las. O resultado é mesquinhez de afeto. Em contrapartida, todos nós queremos ser reconhecidos. Todos nós necessitamos de carícias.

Homens e mulheres guardam seus carinhos como um avarento guarda dinheiro. Ou sexualizam tudo (e vivem se culpando por isso, achando que estão pecando), fogem do contato real com as pessoas e acabam vivendo na miséria afetiva, ou sexualizam a vida de forma consumista, em que o orgasmo, a quantidade de parceiros, o desempenho "atlético" passam a ser mais importantes que a entrega.

Então nasce "o amor de troca". Se as carícias são em número limitado e podem acabar.

"Então, sempre que lhe dou algo, tenho que receber algo em troca (porque senão eu fico sem nenhuma carícia)". "Você tem que cuidar de mim hoje... porque na semana passada eu cuidei de você". "Cuidei de você quando pequena, agora você tem que cuidar de mim". "Eu vou para a cama com você... se você casar comigo".

Como se o amor fosse uma moeda, o prazer da entrega é substituído pelo medo de ficar sem algo, de ficar vazio. Porque, com o pressuposto de que o amor acaba, é preciso escolher muito bem a pessoa, a situação, para dar carícias. Isso é miséria afetiva, em que as pessoas passam fome de amor, apesar da abundância de amor que existe na humanidade.

É como na miséria humana, na qual pessoas passam fome, apesar de produtivas, porque os recursos gerados são usados para aumentar o controle de umas sobre as outras.

A miséria afetiva é tão ou mais grave do que a miséria material, pois tira do ser humano a sua condição de homem participante de sua espécie, porque conduz o homem à mesquinhez, à solidão.

As pessoas, em razão da mesquinhez afetiva, começam a desconsiderar suas necessidades. Como diz o psiquiatra inglês Ronald Laing: "Com um trabalho enorme, um desejo é negado, substituído por um receio, que gera um pesadelo, que é negado, e sobre o qual é, então, colocada uma fachada".

Porque para alguém ser ele próprio é necessária uma dinâmica que respeite sua individualidade. Mas as pessoas condicionam-se a seguir padrões predeterminados em que o novo incomoda, amedronta, revela os sistemas que a família e toda a sociedade desenvolveram para anular a sua criatividade.

E o novo, o individual, é sacrificado, em benefício do coletivo. Se for muito revolucionário, cria-se a ameaça de punição ("Portanto, o melhor que você faz, é assumir a direção da nossa fábrica, porque com esta crise...").

E passa-se a viver dentro de um sistema de medo. Medo de ser abandonado, rejeitado ou criticado.

E é dada uma importância absurda ao perigo de não ser amado por todos.
Sempre vão existir pessoas que gostam de nós do jeito que somos (e isso é sensacional); outras podem não gostar, pelas mais variadas razões e isso é um direito também. É importante entender que todo mundo tem o direito de amar quem quiser. Mas, independentemente da reação das pessoas, você tem o direito de seguir o seu caminho e buscar a sua forma de ser feliz...

*Roberto Shinyashiki é conferencista e escritor autor de 10 livros, entre eles "A Carícia Essencial".

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.” Nietzsche.
"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se a ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver."(Martin Luther King Jr.)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Meu amado pai, Adhebar( In memorian) !!


Eu sei que você entende minhas palavras que são traduções mal-feita dos meus sentimentos.


Algumas pessoas podem se assustar com meu jeito de traduzir, mas eu sei que você sabe direitinho o que vou falar. Aliás, por você nem precisava falar porque dai de cima vocês tem esses super-óculos e podem ver tudo, não é?


Mas sou eu que preciso dizer.


Pai, eu tive poucas grandes dores na minha vida. Eu falo de dor mesmo, de verdade, daquelas que a gente não consegue descrever.


Talvez um grande poeta consiga uma imagem, mas eu não sou poeta e a dor que eu senti na sua partida me despedaçou todinha. Você lembra, não é?


Aqueles dias em que o medo se apoderou do meu corpo todo e que fiquei encolhida na cama, tremendo como se eu tivesse nua no pólo norte. Ai que frio. A mulher destemida virou pó de medo.


Normalmente as pessoas dizem que perderam o chão... eu dizia que tiraram meu teto e dali pra frente eu teria que "negociar" diretamente com Deus, sem você pra mediar.. eu estava enganada, pai. Agora mais do que nunca tenho um mediador me aproximando do pessoal aí de cima.


Hoje, você sabe melhor do que ninguém o quanto a sua partida foi importante pra mim. Parece que você ficou mais perto, ou melhor, ficou dentro. Agora eu respiro fundo e sinto você inteiro, me protegendo, me guiando, me iluminando, me dizendo as coisas que eu teimava em não ouvir.


Agora eu não só escuto e entendo, como sigo cegamente. Depois que você partiu eu mudei tanto. Fui colar meus pedaços espalhados, eu me juntei de um jeito melhor. Você me fez uma pessoa feliz, mais feliz ainda.


Antes eu já me sentia privilegiada de ter nascido de vocês e ter crescido rodeada de amor, carinho e valores impecáveis. Não posso me sentir de outro jeito, a não ser grata! É assim que eu acordo todo dia: vestida de gratidão.


E por isso estou aqui, mais uma vez pra lhe agradecer. Para dizer o quanto eu te amo. Este amor que é eterno mesmo, chama que não apaga nunca, transcende o corpo porque é amor da alma!


Pai, hoje tem festa no meu coração porque é aqui dentro onde você ficará vivo, SEMPRE!
Seu aniversário será sempre lembrado e festejado por nós!!
Te amamos!!
Débora Dias Pereira.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sensacional!!!

"O ser humano é o mais complexo,o mais variado e o mais inesperado dentre todos os seres vivos do universo conhecido.Relacionar-se com ele,lidar com ele,haver-se com ele é,por isso,a mais emocionante das aventuras.Em nenhuma outra assumimos tanto o risco de nos envolver,de nos seduzir,arrastar,dominar,encantar...."
(J.A.Gaiarsa)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eternidade

" O que eu tenho não me pertence, embora faça parte de mim. Tudo o que sou me foi emprestado pelo Criador para que eu possa dividir com aqueles que entram na minha vida. Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém e nem saimos sem nenhuma razão. Há muito o que dar e o que receber; há muito que aprender, com experiências boas ou negativas. É isso... tente ver coisas negativas que acontecem com você como algo que aconteceu por razão precisa. E não se lamente pelo ocorrido; além de não servir de nada reclamar, isso vai lhe vendar os olhos para continuar seu caminho. Quando não conseguimos tirar da cabeça que alguém nos feriu, estamos somente reavivando a ferida, tornando-a muitas vezes bem maior do que era no início. Nem sempre as pessoas nos ferem voluntariamente. Muitas vezes somos nós que nos sentimos feridos e a pessoa nem mesmo percebeu; e nos sentimos decepcionados porque aquela pessoa não correspondeu às nossas expectativas. Às nossas expectativas!!! E sabemos lá quais eram as suas expectativas? Nos decepcionamos e decepcionamos o próximo, o que é pior. Mas, claro, é bem mais fácil pensar nas coisas que nos atingem. Quando alguém lhe disser que o magoou sem intenção, acredite nela! Vai lhe fazer bem. Assim, talvez, ela poderá entender quando você, sinceramente, disser que "foi sem querer". Dê de você mesmo o quanto puder! Sabe, quando você se for, a única coisa que vai deixar é a lembrança do que fez aqui. Seja bom, tente dar sempre o primeiro passo, nunca negue uma ajuda ao seu alcance, perdoe e dê de você mesma. Seja uma bênção! Deus não vem em pessoa para abençoar, Ele usa os que estão aqui dispostos a cumprir essa missão. Todos nós podemos ser Anjos. A eternidade está nas mãos de todos nós. Viva de maneira que quando você se for, muito de você ainda fique naqueles que tiveram a boa ventura de encontra-lo."


(*) Letícia Thompson

terça-feira, 22 de setembro de 2009

TUDO O QUE EU PRECISAVA REALMENTE SABER, APRENDI NO JARDIM DA INFÂNCIA!


Grande parte do que eu realmente preciso saber sobre a vida, o que fazer, como ser, eu aprendi no jardim da infância.

Não foi na universidade nem na pós-graduação que eu encontrei a verdadeira sabedoria, e sim no recreio do jardim da infância. Foi exatamente isto que aprendi: compartilhar tudo, brincar dentro das regras, não bater nos outros, colocar as coisas de volta no lugar onde as encontrei, limpar a própria sujeira, não pegar o que não era meu, pedir desculpas quando machucava alguém, lavar as mãos antes de comer, puxar a descarga do banheiro.

Também descobri que café com leite é gostoso, que uma vida equilibrada é saudável e que pensar um pouco, aprender um pouco, desenhar, pintar, dançar, planejar e trabalhar um pouco todos os dias, nos faz muito bem. Tirar uma soneca todas as tardes, tomar muito cuidado com o trânsito, segurar as mãos de alguém e ficar juntos, são boas formas de enfrentar o mundo.

Prestar atenção em todas as maravilhas e lembrar da pequena semente que, um dia, plantamos em um copo de plástico. As raízes iam para baixo e as folhas iam para cima mas ninguém realmente sabia nem porquê. Mas nós somos assim!

Peixinhos dourados, hamsters e ratinhos brancos; e até mesmo a pequena semente do copo de plástico, tudo morre um dia. E nós também.

Tudo que você realmente precisa saber esta aí. Faça aos outros aquilo que você gostaria que eles fizessem para você. Amor, higiene básica, ecologia e política contribuem para uma vida saudável.

Penso que tudo seria melhor se todos nós - o mundo inteiro - tomássemos café com leite todas as tardes e descansássemos um pouquinho abraçados a um travesseiro. Ou se tivéssemos uma política básica em nossa nação e em todas as coisas também, para sempre colocarmos as coisas de volta ao lugar onde as encontramos, limpando nossa própria sujeira. E ainda é verdade que, seja qual for a idade, - o melhor é darmos as mãos e ficarmos juntos!

Robert Fulghum – Trad. Ernesto H. Simon

domingo, 20 de setembro de 2009

Importância da Reciprocidade



"As relações que se fazem através do binômio favor-gratidão, em geral, são de muito conflito porque se estabelecem através do jogo da renúncia"

Não sei se o mundo tem jeito. Nós temos. Quando ajudamos alguém e esperamos algo em troca, ainda que seja gratidão, não estamos sendo bons, mas espertos. A bondade, a proteção e a ajuda têm sido usadas como instrumento de controle sobre o coração das pessoas. E, quando, apesar de tudo o que fizemos pelo outro, ele, no exercício de sua liberdade, nos dá um "não", nós o chamamos de ingrato e nos sentimos injustiçados.

Existe uma grande diferença entre amor e favor. No amor, temos grande alegria em fazer algo por alguém e somos pagos no próprio ato de fazer. No favor, tudo o que fazemos é contabilizado e futuramente cobrado. Chamamos de ingrata a pessoa a quem prestamos um favor e na hora de pagar ela não o fez. Mesmo porque nada foi combinado com ela. Ingrato é aquele que não se vendeu aos nossos favores. As relações que se fazem através do binômio favor-gratidão, em geral, são pesadas e de muito conflito porque elas se estabelecem através do jogo da renúncia.

Ensinaram-nos que, para o amor, é essencial renunciar. Que devemos abrir mão de nossa individualidade, dos nossos gostos, do nosso tempo, dos nossos sagrados, do nosso crescimento etc. Tudo por amor a alguém. Com o passar do tempo, todo esse sacrifício amoroso vira uma cruel cobrança no sentido de que o outro nunca nos contrarie e permaneça, através do agradecimento, escravizado a nossos desejos. Daí a importância do "sim" e do "não" em nossos relacionamentos.

Amigo é aquele que consente o meu "não" e eu o dele. Do contrário, é escravidão. A bondade só faz parte do amor se for absolutamente verdadeira. Usada para dominar alguém, é crueldade. Talvez esse seja o motivo para tantos problemas familiares. Casais que se acusam mutuamente da falta de reconhecimento de um pelo o que o outro fez. Mães e pais que se sentem injustiçados quando os filhos não atendem às suas expectativas e não "pagam" com o sucesso e bom desempenho o que foi feito para eles. É uma cadeia interminável de cobrança e de culpa que traz enormes desgastes num relacionamento.

A palavra sacrifício é muito interessante. Vem do latim e significa "tornar-se sagrado para o outro". Quando, porém, somos excessivamente bondosos para os outros eles respondem a isso com culpa. Nenhum filho, nenhum marido, nenhuma mãe, em sã consciência quer o próprio prazer à custa do sofrimento do outro. A reciprocidade nas relações é importante!!!

Todo relacionamento é uma troca, mas tem de ser combinada. O que não é adequado sou eu fazer pelo outro, sem acertar e posteriormente cobrar. As relações se tornam exploração. Vivemos com a sensação de injustiçados, não reconhecidos.

Há uma piada que reflete isso. Um rapaz passeava com uma moça de carro e a levou para o interior de um bosque. Parou o carro e começou a acariciá-la, insinuando um desejo de ter alguma intimidade sexual com a moça. Ela retrucou explicando:

- Eu sou uma prostituta e se você quer alguma coisa, terá de pagar.
- E quanto eu devo pagar? - perguntou o rapaz.
- Cinqüenta reais - respondeu a mulher.
Assim sendo, ele tirou uma nota de cinqüenta reais e entregou a ela. Depois de passar um bom tempo nas intimidades sexuais, se arrumaram e a moça notou que o rapaz não dava sinais de querer ir embora.
- Vamos, já fizemos o que era para fazer.
Ele respondeu:
- Não, temos de combinar, eu sou chofer de táxi. Você terá de pagar a corrida de volta.
- Quanto é? - perguntou a mulher.
- Cinqüenta reais!

A esperteza, o oportunismo, o se dar por amor e cobrar depois é a forma que aprendemos. Pessoas livres, autônomas, verdadeiramente amorosas se relacionam com o máximo de clareza. Comprar o possível amor do outro, através da renúncia, da bondade, do favor, do sacrifício, na esperança de ter o outro, é abrir um caminho complicado de sofrimento. Talvez isso explique a nossa grande dificuldade de dizer não à nossa compulsiva necessidade de agradar sempre, de "puxar o saco", de pensar mais no outro do que em nós mesmos. Se você espera resposta para sua bondade, é melhor não tê-la.


Antônio Roberto Soares.
AME MAIS!
BEIJE MUITO. Chore com vontade.
DÊ GENEROSAMENTE. ERRE!
Faça aquilo que mais teme!
GRITE! Harmonize-se mais. Importe-se menos.
JUNTE AMIGOS. LUTE PELO QUE ACREDITA.
Mude de opinião. NAMORE! ORE!
Pense em novas possibilidades...
Queira Loucamente!!!
Ria Frequentemente. SONHE! Trabalhe com prazer.
Use a imaginação. VIVA! XE.QUE – MA-TE.
ZELE POR VOCÊ....

...rsrs....

Entendeu?!?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Alma dos Diferentes

Ah, o diferente, esse ser especial!

Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não agüentar, caso um dia venham, a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.

O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.

O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano. O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura. O que é percepçãoaguçada em: "Puxa, fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um estilo próprio em : "Você não está vendo como todo mundo faz? "

O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram ( e se transformam) nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam.Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela harmonia. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar. Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes.

Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja uficientemente forte para suporta-lo depois.


Artur da Távola.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Rifa-se um coração...!!

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um pouco inconsequente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista... Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente; contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer".

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconsequente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Clarice Lispector

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

AMAR É SER FELIZ

Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia aonde deveria procurar a fonte das alegrias da vida. Aprendi que ser amado não é nada( *única coisa que não concordo), enquanto amar é tudo.

O dinheiro não era nada, o poder não era nada. Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.

A beleza não era nada.Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.

Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente. Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer.

A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar. Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa. O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente amar.

Herman Hesse

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Regina Brett - 90 anos

Para guardar na caixa de entrada, ler de vez em quando e focar em alguns itens como o 4, 16, 20, 25, 31, 34, 41....

"Para celebrar o envelhecer, uma vez eu escrevi 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais requisitada que eu já escrevi. Meu taxímetro chegou aos 90 em agosto, então, aqui está a coluna, mais uma vez:

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.

3. A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém.

4. Seu trabalho não vai cuidar de você quando você adoecer. Seus amigos e seus pais vão.
Mantenha contato.

5. Pague suas faturas de cartão de crédito todo mês.

6. Você não tem que vencer todo argumento. Concorde para discordar.

7. Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.

8. Está tudo bem em ficar bravo com Deus. Ele agüenta.

9. Poupe para a aposentadoria, começando com seu primeiro salário.

10. Quando se trata de chocolate, resistência é em vão.

11. Sele a paz com seu passado, para que ele não estrague seu presente.

12. Está tudo bem em seus filhos te verem chorar.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que se trata a jornada deles.

14. Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, Deus nunca pisca.

16. Respire bem fundo. Isso acalma a mente.

17. Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso.

18. O que não te mata, realmente te torna mais forte.

19. Nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz. Mas a segunda só depende de você e mais ninguém.

20. Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite "não" como resposta.

21. Acenda velas, coloque os lençóis bonitos, use a lingerie elegante. Não guarde para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Se prepare bastante; depois, se deixe levar pela maré...

23. Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém é responsável pela sua felicidade, além de você.

26. Encare cada "chamado" desastre com essas palavras: Em cinco anos, vai importar?

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todos.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo.

31. Indepedentemente de a situação ser boa ou ruim, irá mudar.

32. Não se leve tão a sério. Ninguém mais leva...

33. Acredite em milagres.

34. Deus te ama por causa de quem Ele é, não pelo que vc fez ou deixou de fazer.

35. Não faça auditoria de sua vida. Apareça e faça o melhor dela agora.

36. Envelhecer é melhor do que morrer jovem.

37. Seus filhos só têm uma infância.

38. Tudo o que realmente importa, no final, é que você amou.

39. Vá para a rua todo dia. Milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta.

41. Inveja é perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor está por vir.

43. Não importa como vc se sinta, levante, se vista e apareça.

44. Produza.

45. A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente "

(*)ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS, CLEAVELAND, OHIO.

VERDADEIRO SUCESSO!!

O VERDADEIRO SUCESSO PARA SER FELIZ

Para um cristão não pode haver derrotas.

Para quem escolheu ser um vencedor, tudo tem um proveito:

Não existem perdas, apenas fins de ciclos.

Não existem tombos, apenas mudanças.

Não existem antipáticos, apenas pessoas diferentes.

Não existem problemas, apenas chances de exercitar.

Não acontecem momentos ruins, apenas chamas passageiras.

Não pode haver orgulho ferido, apenas lições de vida.

Não existem comodismos, apenas rápidos descansos.

Nas leis do sucesso, só vale quem acredita que nasceu para vencer...

Porque a vida só leva para o futuro quem sabe viver...

Colocando Deus no centro de nossa vida o sucesso será eterno e verdadeiro.