sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Hoje tem festa no céu!!!!!!!!!!


Meu pai amava rosas amarelas!!
Essas são pra ele, já que hj faz 9 anos que ele se foi daqui renascendo em Cristo na terra prometida!!!

Bem, vou escrever uma experiência minha que depois que tive, nunca mais sofri como antes!Quando meu pai faleceu, ele havia pedido a minha mãe que não queria ficar em velório e sim passar a noite em casa sendo velado.Respeitando isso, ele foi velado na minha casa.Já altas horas da madrugada, eu já muito cansada, fui me deitar(na cama dele).Mas, confesso que dormi muito pouco.Às 6 da manhã eu já acordada a algum tempo, liguei o rádio...nossa, coisa que nunca fiz!...estava sintonizada na rádio Esperança que pertence ao bispado de Lins.Nesse horário há, todos os dias, uma mensagem gravada pelo Dom Irineu que é bispo de Lins.Eu não sabia que era gravada, até porque quando liguei começou uma que eu tive CERTEZA que era para mim.Quando liguei o tio Irineu, como o chamo pois ele é Salesiano e da época do meu pai, estava lá falando aquilo especialmente para mim e minha família...só dias depois descobri que era uma gravação.Enfim...era assim a mensagem...

"A menina perdeu seu cachorrinho que acabara de morrer. Olhava pela janela da cozinha vendo o cãozinho ser enterrado e chorava, chorava e nada a consolava. A avó, vendo aquela cena, chegou perto da menina, pegou-a pela mão e a levou para a sala. Abriu a cortina da janela que dava visão ao jardim e disse: -Venha, querida! Olhe por essa janela e veja aquela linda rosa AMARELA- a preferida do meu pai!!- que você me ajudou a plantar! Olhe como ela está rodeada de abelhas, borboletas e até um beija-flor!! CHEIA DE VIDA !!!!! Assim também é na casa do Pai!! Renascemos cheios de vida, luz, paz, beleza, amor !!!!..."Não me lembro de tudo, mas sinceramente para mim....isso foi o essencial!!! Isso para mim mudou tudo!!!Me deu o conforto que meu coração precisava e até hoje é assim que vejo a "morte" do corpo!! É a ressureição em Cristo!! Hoje entendo isso na essência!! Veja você também por essa outra "janela"!!! Não fique triste!!!!

Débora Dias Pereira

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Para as rosas, o jardineiro é eterno"-M.de Assis.

O TEMPO.

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

MÁRIO QUINTANA.

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Era uma vez uma menina, de olhos negros e longas tranças no cabelo.
Como todas as meninas, gostava de brincar com bonecas, em castelos e contos de fadas, inventando príncipes e princesas, reinos de magia, bolas de algodão doce e céus azuis pejados de arco-iris.
A infância era feliz.
Todas as infâncias deveriam ser assim, felizes.
Com tempo para brincadeiras, correrias nos pátios da escola, sorrisos abertos.

Aquela menina possuía no entanto… um dom especial.
No recanto seguro do seu quarto, pintava pedras.Grandes, pequenas, de todas as formas e feitios.Aprendera a gostar das pedras, tal como aprendera a gostar de pintar, observando a mãe, quando esta se perdia no jardim, falando com as flores.
Como era linda, a sua mãe.
E como gostava de a desenhar, de memória, de olhos fechados, rabiscando na folha de papel os traços meigos do seu rosto.

Naquele momento, as suas mãos seguravam duas pequenas pedras, estranhamente iguais a dois corações. Encontrara-as à beira do rio, encostadas uma à outra.
Quando reparou nelas, foi como se um vento súbito lhe varresse a alma de uma cor límpida, como se de repente a primavera tivesse entrado sem pedir licença a ninguém.
Apanhou-as, cheia de cuidado.

Agora… agora as duas pequenas pedras, os dois pequenos corações fitavam-na, pousados sobre a mesa de madeira do quarto, a tinta vermelha ainda por secar, brilhantes.

Uma seria para si.
Guardá-la-ia sempre junto ao coração.
A outra… sempre tivera um destino certo para ela…

Pouco depois, descia as escadas a correr, um embrulho a chocalhar com uma pequena pedra colorida dentro, um vistoso laço vermelho por fora.

- Mãe…. Mãe… - ia gritando - onde estás? Tenho aqui uma prenda para ti… onde estás?

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"Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos."

BEZERRA DE MENEZES.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os Quatro Compromissos

Seja Impecável com a Palavra
Já que ela é a ferramenta mais poderosa que você tem, use-a sempre para a verdade e para o bem. Assim como a palavra é capaz de construir também pode destruir tudo em questão de momentos.Não faça fofocas. Elas só espalham um veneno que pode voltar contra você depois.

Cumpra sempre o que promete
Ser impecável também significa assumir a responsabilidade por seus atos sem se culpar por esta ou aquela escolha.Não Tire ConclusõesSeus dramas e tristezas existem porque você acredita que as suas conclusões são as corretas. Imagine o dia que você não tira conclusões sobre o seu parceiro ou sobre todas as pessoas com as quais se relaciona. A forma mais fácil de evitar confusões é perguntar - e não deduzir - quando você não entende algo. Uma vez ouvida a resposta, não sobrará espaço para falsas conclusões.

Não Leve Nada para o Lado Pessoal
Não sofra pelo que os outros dizem a seu respeito ou para você. Nada disso é motivado por seus atos, e sim por quem fez os comentários.Cada um vive num mundo diferente. Levar tudo para o lado pessoal significa presumir que os outros conhecem o seu mundo.Esse é o pensamento deles sobre o mundo, não o seu. Se você estiver imune às opiniões e ações das pessoas, evitará sofrimentos desnecessários.

Sempre Dê o Melhor de Si
O último compromisso permite que os outros três se tornem hábitos. Em qualquer circunstância, sempre faça o melhor, nem mais nem menos. Dessa forma, você não vai julgar a si mesmo, nem se sentir culpado ou se castigar quando não conseguir cumprir um acordo. É a ação que faz a diferença.

"Refletir e exercitar os quatros compromissos pode mudar a sua postura diante da vida".

Don Miguel Ruiz

A armadilha da auto-sabotagem

Há momentos da vida que reconhecemos que estamos prontos para dar um novo salto, para efetivar uma mudança profunda. Nos lançamos num novo empreendimento, numa nova relação afetiva, mudamos de cidade e até mesmo de apelido. Mas, aos poucos, nós nos pegamos fazendo os mesmos erros de nossa "vida passada". É como se tivéssemos dado um grande salto para cair no mesmo buraco. Caímos em armadilhas criadas por nós mesmos. Nos auto-sabotamos. Isso ocorre porque, apesar de querermos mudar, nosso inconsciente ainda não nos permitiu mudar!

Em nosso íntimo, escutamos e obedecemos, sem nos darmos conta, ordens de nosso inconsciente geradas por frases que escutamos inúmeras vezes quando ainda éramos crianças. Toda família tem as suas. Por exemplo: "Não fale com estranhos" é uma clássica. Como a nossa mente foi programada para não falar com estranhos, cada vez que conhecemos uma nova pessoa nos sentimos ameaçados. Uma parte de nosso cérebro nos diz "abra-se" e a outra adverte "cuidado".

Num primeiro momento, o desafio em si é encorajador, por isso nos atiramos em novas experiências e estamos dispostos a enfrentar os preconceitos. No entanto, quando surgem as primeiras dificuldades que fazem com que nos sintamos incapazes de lidar com esse novo empreendimento, percebemos em nós a presença desta parte inconsciente que discordava que nos arriscássemos em mudar de atitude: "Bem que eu já sabia que falar com estranhos era perigoso".

Cada vez que desconfiamos de nossa capacidade de superar obstáculos, cultivamos um sentimento de covardia interior que bloqueia nossas emoções e nos paralisa. Muitas vezes, o medo da mudança é maior do que a força para mudar. Por isso, enquanto nos auto-iludirmos com soluções irreais e tivermos resistência em rever nossos erros e aprender com eles, estaremos bloqueados. Desta forma, a preguiça e o orgulho serão expressões de auto-sabotagem, isto é, de nosso medo de mudar.Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Nós nos auto-iludimos quando não lidamos diretamente com nosso problema raiz.

A auto-ilusão é um jogo da mente que busca uma solução imediata para um conflito, ou seja, um modo de se adaptar a uma situação dolorosa, porém que não represente uma mudança ameaçadora. Por exemplo, se durante a infância absorvemos a idéia de que de ser rico é ser invejado e assim menos amado, cada vez que tivermos a possibilidade de ampliar nosso patrimônio nós nos sentiremos ameaçados! Então, passaremos a criar dívidas, comprando além de nossas possibilidades, para nos sentirmos ricos, porém com os problemas já conhecidos de ser pobres. Não é fácil perceber que a traição começa em nós mesmos, pois nem nos damos conta de que estamos nos auto-sabotando!

Na auto-ilusão, tudo parece perfeito. Atribuímos ao tempo e aos outros a solução mágica de nossos problemas: com o tempo a dor de uma perda passará; seu amado irá se arrepender de ter deixado você e voltará para seus braços como se nada houvesse ocorrido. No entanto, só quando passarmos a ter consciência de nossos erros é que não seremos mais vítimas deles! Temos uma imagem idealizada de nós mesmos, que nos impede de sermos verdadeiros. Produzimos muitas ilusões a partir desta idealização. Muitas vezes, dizemos o que não sentimos de verdade. Isso ocorre porque não sentimos o que pensamos!

Muitas vezes não queremos pensar naquilo que sentimos, pois, em geral, temos dificuldade para lidar com nossos sentimentos sem julgá-los. Sermos abertos para com nossos sentimentos demanda sinceridade e compaixão. Reconhecer que não estamos sentindo o que deveríamos sentir ou gostaríamos de estar sentindo é um desafio para conosco mesmos. Algumas de nossas auto-imagens não querem ser vistas!

É nossa auto-imagem que gera sentimentos e pensamentos em nosso íntimo. Podemos nos exercitar para identificá-la. Mas este não é um exercício fácil, pois resistimos em olhar nosso lado sombrio. No entanto, uma coisa é certa: tudo que ignoramos sobre nossa parte sombria, cresce silenciosamente e um dia será tão forte que não haverá como deter sua ação. Portanto, é a nossa auto-imagem que dita nosso destino.

O mestre do budismo tibetano Tarthang Tulku, escreve em seu livro "The Self-Image" (Ed. Crystal Mirror): "A auto-imagem não é permanente. De fato, o sentimento em si existe, no entanto o seu poder de sustentação será totalmente perdido assim que você perder o interesse por alimentar a auto-imagem. Nesse instante, você pode ter uma experiência inteiramente diferente da que você julgou possível naquele estado anterior de dor. É tão fácil deixar a auto-imagem se perpetuar, dominar toda a sua vida e criar um estado de coisas desequilibrado... Como podemos nos envolver menos com nossa auto-imagem e nos tornar flexíveis? Somos seres humanos, não animais, e não precisamos viver como se estivéssemos enjaulados ou em cativeiro. No nível atual, antes de começarmos a meditar sobre a auto-imagem, não percebemos a diferença entre nossa auto-imagem e nosso eu. Não temos um portão de acesso ou ponto de partida. Mas, se pudermos reconhecer apenas alguma pequena diferença entre a nossa auto-imagem e nós mesmos, ou eu ou si mesmo, poderemos ver, então, qual parte é a auto-imagem".

"A auto-imagem pode representar uma espécie de fixação. Ela o apanha, e você como que a congela. Você aceita essa imagem estática, congelada, como um quadro verdadeiro e permanente de si mesmo", explica Peggy Lippit no capítulo sobre Auto-Imagem do livro "Reflexões sobre a mente" organizado por seu mestre Tarthang Tuku (Ed. Cultrix).

Na próxima vez que você se pegar com frases prontas, aproveite para anotá-las! Elas revelam sua auto-imagem e são responsáveis por seus comportamentos repetitivos de auto-sabotagem. Ao encontrar a auto-imagem que gera sentimentos desagradáveis, temos a oportunidade de purificá-la em vez de apenas nos sentirmos mal. O processo de autoconhecimento poderá então se tornar um jogo divertido e curioso sobre nós mesmos!

Bel Cesar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Mulher Selvagem

Nesta crônica quero fazer uma homenagem a um tipo especial de mulher. Eu a chamo de mulher selvagem. Sua beleza é arisca, arredia aos modismos. Ela encanta por um não-sei-quê indefinível... mas que também agride o olhar. É um tipo raro e não tem habitat definido: vive em Catmandu, mora no prédio ao lado ou se mudou ontem para Barroquinha. E não deixou o endereço.

A mulher selvagem em quase tudo é uma mulher comum: pega metrô lotado, aproveita as promoções, bota o lixo para fora e tem dia que desiste de sair porque se acha um trapo. Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade. E também dá arrepios: você tem a impressão de que viu uma loba na espreita. Você se assusta, olha de novo... e quem está ali é a mulher doce e simpática, ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. Mas por um segundo você viu a loba, viu sim. É ela, a mulher selvagem.

A sociedade tenta mas não pode domesticá-la, ela se esquiva das regras. Quando você pensa que capturou, escapole feito água entre os dedos. Quando pensa que finalmente a conhece, ela surpreende outra vez. Tem a alma livre e só se submete quando quer. Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade. E como os reconhece? Como toda loba, pelo cheiro, por isso é bom não abusar de perfumes. Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural - mas, cuidado, não vá passando a mão. Ela é um bicho, não esqueça. Gosta de afago, mas também arranha.

Repare que há sempre uma mecha teimosa de cabelo: é o espírito selvagem que sopra em sua alma a refrescante sensação de estar unida a Terra. É daí que vem sua beleza e força. E sua sabedoria instintiva. Sim, ela é sábia pois está em harmonia com os ritmos da Natureza. Por isso conhece a si mesma, sabe dos seus ciclos de crescimento e não sabota a própria felicidade. Como todo bicho ela respeita seu corpo mas nem sempre resiste às guloseimas. Riponga do mato, Gabriela brejeira? Não necessariamente, a maioria vive na cidade. E há dias paquera aquele pretinho básico da vitrine. E adora dançar em noite de lua. Ah, então é uma bruxa... Talvez, ela não liga para rótulos. Sabe que a imensidão do ser não cabe nas definições.

Mulheres gostam de fazer mistério. Ela não, ela é o mistério. Por uma razão simples: a mulher selvagem sabe que a vida é uma coisa assombrosa e perfeita e vive o mais sagrado dos rituais. Ela sente as estações e se movimenta de acordo com os ventos, rindo da chuva e chorando com os rios que morrem. Coleciona pedrinhas, fala com plantas e de uma hora para outra quer ficar só, não insista.

Não, ela não é uma esotérica deslumbrada mas vive se deslumbrando: com as heroínas dos filmes, aquela livraria nova, o CD do fulano... Ela se apaixona, sonha acordada e tem insônia por amor. As injustiças do mundo a angustiam mas ela respira fundo e renova sua fé na humanidade. Luta todos os dias por seus sonhos, adormece em meio a perguntas sem respostas e desperta com o sussurro das manhãs em seu ouvido, mais um dia perfeito para celebrar o imenso mistério de estar vivo.

Ela equilibra em si cultura e natureza, movendo-se bela e poética entre os dois extremos da humana condição. Ela é rara, sim, mas não é uma aberração, um desvio evolutivo. Pelo contrário: ela é a mais arquetípica e genuína expressão da feminilidade, a eterna celebração do sagrado feminino. Ela está aí nas ruas, todos os dias. A mulher selvagem ainda sobrevive em todas as mulheres mas a maioria tem medo e a mantém enjaulada. Ela é o que todas as mulheres são, sempre foram, mas a grande maioria esqueceu.

Felizmente algumas lembraram. Foram incompreendidas, sim, mas lamberam suas feridas e encontraram o caminho de volta à sua própria natureza. Esta crônica é uma homenagem a ela, a mulher selvagem, o tipo que fascina os homens que não têm medo do feminino. Eles ficam um pouco nervosos, é verdade, quando de repente se vêem frente a frente com um espécime desses. Por isso é que às vezes sobem correndo na primeira árvore. Mas é normal. Depois eles descem, se aproximam desconfiados, trocam os cheiros e aí... Bem, aí a Natureza sabe o que faz.

Ricardo Kelmer.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quem é você realmente?

Uma aluna minha me perguntou: Nós nascemos para ser felizes, mas porque não somos? Eu respondo: Porque os modelos que nos são colocados de felicidade, desde que nascemos, são meros modelos dos nossos pais, parentes, sociedade, cultura, religião, etc.

Eles não correspondem, de forma alguma, às nossas verdades e valores internos. Eles não consideram o indivíduo em sua essência e singularidade. Os modelos sociais são selvagens e massacrantes, e são os chamados condicionamentos. Condicionamento é algo forçado de fora sobre você contra a sua vontade, contra a sua consciência. O condicionamento tem o objetivo de destruí-lo, manipulá-lo, criar uma falsa personalidade para que seu estado humano essencial seja perdido.

A sociedade tem muito medo da sua realidade. A Igreja tem medo, o Estado tem medo, todos têm medo de sua pessoa essencial, de seu Ser essencial, pois o Ser essencial é rebelde, é inteligente. O Ser essencial é livre, independente e singular, ou seja, único.

O Ser essencial não pode ser facilmente reduzido à escravidão, e também não pode ser explorado. Ninguém pode usar o Ser essencial como um meio, pois Ele é um fim em si mesmo. Daí, toda a sociedade tentar, de TODAS as maneiras possíveis, desconectá-lo de seu âmago essencial. Isso cria uma personalidade falsa e plástica a seu redor e o força a se identificar com ela. Durante muito tempo sofremos e perdemos MUITA energia quando tentamos ser hipócritas conosco mesmo.

A sensação é de vazio, fracasso, impotência. Enlouquecemos porque a nossa bússola simplesmente não consegue encontrar o sentido da "felicidade". Chama-se a esta grande "tabela" de condicionamentos de "educação", mas isso não é educação, é "deseducação". Isso é destrutivo e violento.

Toda essa sociedade sempre foi muito violenta com o indivíduo. Ela não acredita no indivíduo, é contra o indivíduo. Para seus próprios propósitos, ela tenta, de todas as maneiras, destruir você. Ela precisa de engenheiros, médicos, filhos vitoriosos, brilhantes, importantes, espertos, esbeltos, conquistadores... Ela não precisa de seres humanos serenos, pacíficos, simplistas, honestos sem relatividade, saudáveis emocionalmente. Até o momento, fracassamos em criar uma sociedade que precise de seres humanos livres, simples seres humanos.

A sociedade está interessada em que você seja mais habilidoso, mais produtivo, mais competitivo, mais consumista e menos criativo ou criador de casos. Ela deseja que você funcione como uma máquina, eficientemente, mas não deseja que você se torne desperto. Ela não deseja Budas e Cristos, Sócrates, Pitágoras, Lao Tzu ... Não, essas pessoas de modo nenhum são necessárias para a sociedade. Se, de vez em quando elas acontecem, não acontecem devido à sociedade, mas apesar dela.

É um milagre, de vez em quando, algumas pessoas serem capazes de escapar desta enorme prisão. A prisão é muito grande, é muito difícil escapar dela. E mesmo ao escapar de uma prisão, você entrará em outra, pois toda a Terra se tornou uma prisão. De hindu você pode se tornar cristão, ou de cristão pode se tornar hindu, mas está simplesmente trocando de prisão. De indiano você pode se tornar alemão, ou de italiano se tornar chinês, mas está simplesmente trocando de prisões... prisões políticas, religiosas, sociais. Talvez, por alguns dias, a nova prisão pareça com a liberdade, mas somente devido a ser uma novidade. Fora isso, ela não é liberdade. Uma sociedade livre é ainda uma idéia que precisa ser materializada.

Toda essa escravidão das pessoas depende dos condicionamentos. Os condicionamentos começam no útero da mãe ou, no máximo, no momento em que você nasce. Você é circuncidado e se torna um judeu, é batizado e se torna um cristão, e assim por diante. Você é levado para a igreja ou para o templo e é criado numa certa atmosfera onde irá descobrir que todos são cristãos ou todos são hindus. E, naturalmente, é fatal que a criança siga as pessoas à sua volta. Quando ela chegar aos 25 anos de idade e sair da universidade, estará completamente condicionada, e tão profundamente que nem estará ciente de seus condicionamentos.

Tudo tem modelo, inclusive e principalmente quanto aos relacionamentos. Todos necessitam casar, ter casa, ter filhos, ter empregos, e na época certa, e da forma certa, e com os modelos certos para ser competitivo, para ser invejado, para ser elogiado, para ser apreciado, para ... E os bens? E a profissão?

Tudo foi despejado em seu biocomputador. E a sociedade pune aqueles que são relutantes, resistentes a esses condicionamentos, e com medalhas de ouro, prêmios, recompensa aqueles que estão muito ávidos a serem escravos, a servirem aos interesses do sistema.

Toda a sociedade, milhões de pessoas à sua volta estão condicionando- o, conscientemente ou não. Elas foram condicionadas. Elas podem não estar cientes de que são destrutivas e violentas e que estão se auto destruindo. Elas podem pensar que estão sendo de ajuda a você devido à compaixão, pois amam a humanidade. Elas foram condicionadas tão profundamente que não estão cientes do que fazem às suas crianças e vidas. Os pais, os parentes, professores, conferencistas, instrutores, eles são os instrumentos, os sutis instrumentos de condicionar pessoas. Os sacerdotes, os psicanalistas, estas são pessoas muito espertas e eficientes em condicionar. Elas conhecem toda a estratégia, sabem como manipular, distorcer, como lhe dar uma falsa personalidade e afastar sua essência.

Como sair dos condicionamentos?

1) Ir lá dentro de você e descobrir quem é você realmente. Qual a sua natureza, suas qualidades, seus dons, seus desafios. Para esta viagem interna é necessário se dar espaço DIÁRIO de silêncio, MEDITAÇÃO, introspecção. Espaços de autoconhecimento e esclarecimento. Ler, estudar, aprender, meditar, pois ignorar e ignorar-se é pura escravidão.

2) Estar 100% alerta e desperto. Meditar sobre nossas atitudes, sonhos e desejos e perceber quanto deles pertence aos modelos de nossos pais, parentes e sociedade, e quanto deles pertence REALMENTE à nossa alma.

3) Uma vez detectado, sair dos condicionamentos e entrar na sintonia do Ser essencial e descobrir o que é Ser feliz para Ele.

*OSHO
Texto adaptado por Conceição Trucom

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Abundância de amor

*Roberto Shinyashiki


Psiquiatra defende fim da economia de carícias e mesquinhez afetiva e diz que homens e mulheres guardam seus carinhos como um avarento guarda dinheiro.

Carícia é a unidade de reconhecimento humano. Começa no nascimento, com o toque físico. Depois passa para palavras, olhares, gestos e aceitação. Na "História de Carícias", existem conceitos de distribuição de carícias que levam a gente a acreditar que as carícias são poucas, tão poucas que precisamos guardá-las. O resultado é mesquinhez de afeto. Em contrapartida, todos nós queremos ser reconhecidos. Todos nós necessitamos de carícias.

Homens e mulheres guardam seus carinhos como um avarento guarda dinheiro. Ou sexualizam tudo (e vivem se culpando por isso, achando que estão pecando), fogem do contato real com as pessoas e acabam vivendo na miséria afetiva, ou sexualizam a vida de forma consumista, em que o orgasmo, a quantidade de parceiros, o desempenho "atlético" passam a ser mais importantes que a entrega.

Então nasce "o amor de troca". Se as carícias são em número limitado e podem acabar.

"Então, sempre que lhe dou algo, tenho que receber algo em troca (porque senão eu fico sem nenhuma carícia)". "Você tem que cuidar de mim hoje... porque na semana passada eu cuidei de você". "Cuidei de você quando pequena, agora você tem que cuidar de mim". "Eu vou para a cama com você... se você casar comigo".

Como se o amor fosse uma moeda, o prazer da entrega é substituído pelo medo de ficar sem algo, de ficar vazio. Porque, com o pressuposto de que o amor acaba, é preciso escolher muito bem a pessoa, a situação, para dar carícias. Isso é miséria afetiva, em que as pessoas passam fome de amor, apesar da abundância de amor que existe na humanidade.

É como na miséria humana, na qual pessoas passam fome, apesar de produtivas, porque os recursos gerados são usados para aumentar o controle de umas sobre as outras.

A miséria afetiva é tão ou mais grave do que a miséria material, pois tira do ser humano a sua condição de homem participante de sua espécie, porque conduz o homem à mesquinhez, à solidão.

As pessoas, em razão da mesquinhez afetiva, começam a desconsiderar suas necessidades. Como diz o psiquiatra inglês Ronald Laing: "Com um trabalho enorme, um desejo é negado, substituído por um receio, que gera um pesadelo, que é negado, e sobre o qual é, então, colocada uma fachada".

Porque para alguém ser ele próprio é necessária uma dinâmica que respeite sua individualidade. Mas as pessoas condicionam-se a seguir padrões predeterminados em que o novo incomoda, amedronta, revela os sistemas que a família e toda a sociedade desenvolveram para anular a sua criatividade.

E o novo, o individual, é sacrificado, em benefício do coletivo. Se for muito revolucionário, cria-se a ameaça de punição ("Portanto, o melhor que você faz, é assumir a direção da nossa fábrica, porque com esta crise...").

E passa-se a viver dentro de um sistema de medo. Medo de ser abandonado, rejeitado ou criticado.

E é dada uma importância absurda ao perigo de não ser amado por todos.
Sempre vão existir pessoas que gostam de nós do jeito que somos (e isso é sensacional); outras podem não gostar, pelas mais variadas razões e isso é um direito também. É importante entender que todo mundo tem o direito de amar quem quiser. Mas, independentemente da reação das pessoas, você tem o direito de seguir o seu caminho e buscar a sua forma de ser feliz...

*Roberto Shinyashiki é conferencista e escritor autor de 10 livros, entre eles "A Carícia Essencial".